domingo, 15 de setembro de 2013

Texto a 4 mãos... #Paciência

Texto escrito na madrugada, há 4 mãos, via bate-papo do facebook:

Paciência é uma das sete virtudes teologais.
Certo, Cleide?
Yep.
Paciência pressupõe serenidade perante o ambiente exterior e o controle ou moderação das próprias vontades.
Escreveremos um ensaio a quatro mãos agora.
Ok.Vou copiar a introdução no word para ir lendo e contextualizando as falas.
Continuando, devo ser paciente para com a sua resposta, o tempo de sua resposta, seu ritmo próprio, sua incapacidade de atender à minha demanda, falta de intelecto etc.
Ok.
De acordo com sua última resposta ou você deve ser zen em último grau ou não leu o que escrevi.
Interpretação segundo a minha índole.
Paciência, apesar de ser voluntária, para os cristãos tem a ver com a vontade de Deus.
Certo.
E essa vontade se configura em quê?
Suportar os problemas ou não vingar-se diante das situações conflituosas, Felipe.
Perfeito.
É um modo de operação, se é que posso chamar assim.
Mundano e transcendente.
Oferecer a outra face é ultrapassar a Ira.
Mas se te chamo de repositáculo de esperma, como você reagiria? Segundo a vontade de deus...
Dou a outra face, mas no aspecto mundano, característico da paciência, mando você tomar no cu.
Portanto, paciência não significa engolir sapos.
Ou não significa não reagir aos destemperos do Outro.
Então, onde reside essa paciência?
já que concordamos que ela tem a ver com o fato de não sermos influenciados pelo meio externo.
Não sei, mas ela nos escapa dos paradoxos cotidianos, aceleração da modernidade e do que a sociedade nos impõe como um modelo para seguir.
Tradução, sob pressão, cedemos ao impulso contrário à paciência, Ira.
Que ela tem a ver com o meio externo.
Afetamo-nos mutuamente.
E reagimos de acordo com o tipo de afetação.
Lugares específicos e pessoas específicas nos levam a ser pacientes ou não pacientes.
Exemplo.
Hoje fui à missa.
Fazia um ano que não pisava numa igreja
Comunguei.
E o ambiente inteiro me tranquilizou.
Usei meus óculos escuros, fui de jaqueta de couro, fiquei calmo.
Ninguém me questionou e eu não tive que reagir a absolutamente nada.
Simplesmente porque o lugar era bom
e as pessoas centradas e calmas.
Se o lugar fosse mal e as pessoas igualmente más eu teria um salvo-conduto para agir de acordo com o ambiente e mandar tudo para aquele lugar...
Inclusive a paciência.
Traduzindo, novamente.
ter paciência é a força interior de não se deixar levar pela negatividade.
Chegamos a um ponto comum.
Vou falar pessoalmente do assunto agora, Cleide.
Calma, deixe-me só completar. Neste sentido, ter paciência é decidir manter sua mente limpa, livre da contaminação da raiva e do apego.

Tenho a tendência a reagir com fuga das pessoas que me fazem mal
Mas reajo estranhamente pedindo para morrer e tendo poder suficiente para não morrer firo meu corpo com esse desejo.
Uma pena esse implante que inseri em mim.
O mais estranho é que parece que tenho um certo apego com isso.
Entendo e já fiz igual.
É um tipo de defesa.
Sentir dor física para que a subjetiva ganhe sentido.
Impróprio.
Essa foi a palavra que me veio à mente agora.
Também tenho uma tendência ao antagonismo.
Mas, embora tenha me vindo essa palavra agora à mente, não há nada de impróprio no que você me disse.
Sim.
Fale sobre o antagonismo.
Lembrei agora de um antigo instrumento de auto-flagelação usado pelos penitentes, chama-se silício.
É um chicote com que os homens penitentes se auto-flagelavam.

Sei.
Creio que eles o faziam por antagonismo ao que as suas mentes criavam.
Penso, logo existo, penso logo, existe.
Se penso no pecado o pecado torna a mim.
E, como estratégia de fuga mental, inclusive para que a mente não produza sintomas histéricos, penitencio-me.
Perfeito.
Assim, acredito estar expurgando o pecado de meu corpo.
Uma vontade de ego que sobressai e depois a razão pune o que é corpo, concreto!
Você está em penitência?
Perfeito.
Sempre estou em penitência, Cleide.
Mato uma formiga à contra-gosto.
Embora coma frango com prazer.
Não caia nas falácias cotidianas!
Sou irascível e egóico, apego-me e não solto a não ser que a pancada seja forte.
Que ultrapasse minhas forças, as forças de minhas mandíbulas.
Grande parte do que compõe o ser humano tem essas características, tirando a parte da força da pancada.

Agora você me fez sorrir.
Eu também ri.
Achei muito forte "que ultrapasse as forças das minhas mandíbulas".
É que por vezes me vejo como um cão de deus.
Entendi.
Por isso não comparei a todos.
Explique... cão de deus?
Estou solto e me acorrento, porque tenho ojeriza à máxima Nietscheana, do tornar-se aquilo que se é.
Se me libero totalmente, e deus me permite isso, torno-me ateu.
E se não há quem me governe, torno-me governante de mim mesmo.
E se me governo e me ofendem, eu mordo.
E mordo também a quem ofende o meu deus
Pessoal.
Creio que nasci no corpo errado, pequeno, com a alma de um espartano, duvidoso, com a certeza de um astrônomo.
Putz!
Sério... tenho um nó na minha cabeça agora.

Quando estou nos meus melhores dias, em estado zen não-controlado, espontâneo, as pessoas no mundo me cobram que me lance novamente em conflitos.
Entendo. E todas as ideias se amarram!
Sim.
É como se eu fosse livre numa jaula.
Mataria minha mulher mais amada, Cleide, se pudesse.
Mas não posso, porque amo.
Não porque sou paciente, mas porque amo.
Somente isso me segura e repreende.
Razão egoísta.
Ela precisa estar no mundo para que eu viva com o rancor que sinto por ela não me pertencer mais.
E o mundo inteiro é culpado por nossa desavença.
O éter mental que ela criou nos separou por eu não ter sido paciente, digamos, e ter sabido me relacionar com as suas intemperanças de mulher.
E nos separamos.
E estou com outra mulher.
E, ainda, te desejo.
E tenho uma amante.
E ai dela se estiver amando outro nesse momento, porque só amo a ela.
Paciência e Reticências têm algo em comum.
Com tamanho conflito, contradição, destempero, dúvidas e pouca perspectiva, só se flagelando para tentar "esquecer"...
As reticências são os três primeiros passos do pensamento, que depois continua o seu caminho por conta própria, já dizia Quintana.
E o mais interessante, as drogas e fármacos não me acalmam.
A palavra calma me acalma.
Tanto quanto a palavra ira me irrita.
É como se eu fosse governado por um léxico que me transcende.
A música tem o mesmo efeito com as mesmas palavras?
Disse certa vez em um outro escrito que eu queria ver quem me curava de mim mesmo, mas...
Em parte, sim.
Quando jovem ia a bailes funk.
Tocavam músicas excitantes e nos digladiávamos.
Sinto saudades dessa época em que eu podia bater e me ferir sem piedade.
Passada a música mais funkeada e eletrônica,
Rock Brasil, e dançávamos como se fôssemos irmãos. Com narizes quebrados.
Continue sobre curar-se de si mesmo.
Parou em um “mas” com reticências.
Agora quero curar-me. Mas é impossível.
Veja.  Você disse que queria ver quem o curaria de si próprio.
Não encontrou. E agora quer curar-se.
Não seria essa a resposta?
Você mesmo curar-se?
Conhece o personagem Daredevil ou o Demolidor?
Sim.
Sabe que ele tem os sentidos apurados.
Sofro do mesmo mal.
Ouço à distância.
E o ruído da sirene da polícia que agora passa, irrita-me.
E me faz lembrar da moça em Recife que foi agredida por um policial.
E minha mente me transporta para Ela, não a moça, mas a mulher de que falei.
Se um troglodita desses toca em um fio de cabelo dela, sou capaz de matar.
Não entendo como um pai, irmão ou parente, namorado, que seja, vendo nome na farda e filmagem, deixa impune um idiota daqueles.
Te entendo.
Depois vou te mandar um link sobre essas sensações, sentidos.
O que temos em nós que nos ajuda e não sabemos.
É uma parada maluca. Lance budista.
Não é rápido.
Ah, manda agora.

Não é fazendo leituras. É vivendo.
Um site onde você se inscreve.
Para fazer um retiro em um templo budista no Rio
10 dias sem falar com ninguém. Sem contato visual.
Acontecem coisas incríveis com você.

Se for sem cigarros estou fora!

Não sei dizer.

Se tiver mulher, tô dentro!

Haha. Tem.

Sacanagem. Estou me aproveitando do meu diagnóstico bipolar.

Posso te mandar o link mais tarde?

Claro, por falar nisso, você sabe qual é a frase mais bipolar da história?
"Fica, vai."

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