quarta-feira, 1 de maio de 2013

A INFANTILIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO

Desde o meu ingresso na Universidade há alguns anos atrás me perguntava por que éramos um curso quase unânime feminino, em uma sala com 105 mulheres e o Pedro Paulo. Aquela pré concepção que tinha/via em filmes de quem cursava uma graduação eu também não vivi. Não tinha festas, churrascos, sextas-feiras no boteco, nada disso. Me encarreguei de fazer isso com a galera do curso de História.

Essas informações me intrigavam, mas nunca parei para pensar a fundo nisso. Apenas segui no curso e me formei. Devo sempre considerar que ingressei na Universidade muito cedo e imatura, o que não foi um problema, pelo contrário. Dos 17 anos até hoje, quase dez anos depois, só sei trabalhar com algo que seja relacionado à Educação.

Hoje e, principalmente após a minha pós graduação visualizo a responsabilidade e interferência que temos diretamente na vida do outro. Também como a classe é desunida, medíocre, cheia do discurso e com pouca prática. Costuma repetir anos do fazer igual, a se submeter ao fazer diferente. Se for entrar nos méritos relacionados á salário e valorização da profissão, acredito nem precisar. Os dados estão aí para confirmar e trilhamos um caminho de mais de sessenta anos da degradação da Educação. Temos os salários mais baixos dos países emergentes, mas em contrapartida, as salas mais lotadas da mesma classificação.

Realmente é uma história calejada, triste e, pior, sem muitas mudanças. Até mesmo as greves que acontecem nos segmentos públicos, normalmente, só acontecem para beneficiar um ou outro grupo. Quem paga por isso? A sociedade como um todo!!!
Quando me deparo com essas coisas, penso que nenhum desses profissionais sequer ouviu falar em Paulo Freire e sua trajetória na educação. Também não consideram a nossa época ditatorial e como ainda somos presos à ela.

Enfim, é muita revolta para um texto só, mas a minha revolta MAIOR, foi o que vivi durante esse ano!!!

Costumo dizer que a PEDAGOGIA (e estendo o comentário a todos os cursos de licenciatura), estão na moda!

É "bonitinho" ser professora e ter coisas rosas. É "fofinho" o "aluninho" te abraçar. Ai que "meigo" ganhar presente no dia dos professores. Eu sou uma professora muito "carinhosa"...

Me perdoem a palavra, mas vai à merda, você que optou por esse curso e pensa que as coisas são assim.

Quem pensa assim, quando se depara ao primeiro desafio, desisti. Ou então, não continua na instituição. Freud, dizia que além de lidarmos com a nossa subjetividade, essa ainda se mistura a todas as outras que estão dentro da sala de aula. É uma guerra de egos e superegos. São comportamentos que ultrapassam as leis de boa convivencia, em resposta a problemas vividos exteriormente. São dificuldades mentais, físicas, doenças de todas as formas. É a sua didática que não chega a todos. É criança que vem de outro país. É você não saber o que fazer...

Frente a esses problemas é que se cai na INFANTILIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO!

É mais fácil fingir que ensina e os alunos fingirem que aprendem. É mais fácil ser a legal fora da sala de aula e a bruxa lá dentro... Cansei de ver pessoas que na frente dos demais é um "ótimo" professor, carinhoso, abraçava os alunos, mas dentro na sala: TUDO DESORGANIZADO, NÃO CONSEGUE AVALIAR O NÍVEL DE APRENDIZAGEM DOS ALUNOS, ATIVIDADES SEM CORREÇÃO, AULAS SEM PREPARO, ESCREVE E FALA TUDO ERRADO, ou seja, é aquele profissional que vai pra escola pra BRINCAR DE ESCOLINHA.

Se incomoda com a criança que fala palavrão ou tem um comportamento agressivo, mas não repreende o aluno que fala errado, até mesmo porque ele também fala errado. Repreende o funk que o aluno canta em sala de aula, mas NUNCA apresentou um Chico Buarque pra esse ouvir.
Como é que eu posso exigir a postura de respeito para com os alunos se eu não a tenho? Como é que eu posso fazer com que o aluno entenda que a escola é um lugar importante e de pessoas-espelhos, se não sou? É só pensar um pouco, quem são as pessoas referencias dos alunos??? Neymar, Demi Louvatto, MC sei lá e todos esses que eu não os conheço. Tudo é uma regressão só: música, poesia, arte, enfim, toda a cultura que os alunos deviam receber a influência dentro dos muros da escola.

Masssssssssssssssssssss, tudo é fofinho, é bonitinho, é lindinho... Massssssssssssssssssssss, eu posto na rede social que sou uma "menina-mulher", sou doce, sou meiga.... Ah, vá a merda!

Resumindo, o ambiente educacional e quem o procura, não precisa disso. Precisamos de AFETIVIDADE que é completamente diferente de ser AFETADO. Precisa-se de pessoas que queiram se posicionar frente a sociedade que nos oprime e apresentar seres capazes de a modificarem, seres pensantes, argumentadores, sensíveis, humanos.

Caso o MEC continue com os cursos de PEDAGOGIA para continuar formando a extensão de "mães" permissivas, desorganizadas e desimportadas pela vida de seus "filhos", deixem-as em casa! Só dá pra DONA DE CASA MESMO!

Não precisamos da extensão da casa do aluno em sala de aula, precisamos de mudança, de esperança... 

Se quiser compreender um pouco mais sobre a trajetória da Educação em nosso país e alguns dados http://professordoc.blogspot.com.br/2012/11/a-infantilizacao-da-educacao-e.html, já se quiser compreender melhor o conceito de AFETIVIDADE posta para a Educação, leia PIAGET E WALLON, mas se o ato de Educar não te incomoda e só te enche de orgulho, FIQUE EM CASA, A SOCIEDADE NÃO PRECISA DE VOCÊ!


OBRIGADA!


4 comentários:

  1. Adorei a posição tomada por você, Cleide, em especial esta: "Repreende o funk que o aluno canta em sala de aula, mas NUNCA apresentou um Chico Buarque pra esse ouvir."

    Hoje, num forum da licenciatura em Música comentei algo semelhante.

    A questão posta era como ensinar música, como trabalhar a educação musical.

    Isto posto, me atentei ao fato de que boa parte do problema do professor, num geral, é não compreender a realidade do aluno. Eu não posso em momento algum virar pra criança e falar "Luan Santana é ruim, ouça Djavan".

    Meu dever como professor é quebrar a relação mestre e aluno. E pq o aluno gosta do Luan Santana? Pq não ouvir a música do artista e procurar uma correlação em outros artistas para que assim eu possa levar o aluno a ter interesse pelo que eu queira trabalhar?

    Djavan e Luan Santana foram apenas exemplos superficiais. Mas quando falo de rap, pq não penso em como ligar o RAP ao trovador? Aos outros artistas?

    O Suposto Funk? Pq não pegar e mostrar pros alunos a origem deste funk que eles gostam e ai mostrar pela origem do que eles gostam outros estilos e assim poder levar os alunos aos poucos a conhecer outras coisas. Quero que eles gostem de outras coisas? quero, claro que quero, não serei demagogo, mas não posso querer que a realidade deles seja a mesma que a minha. Desta forma, mesmo que eles não apreciem, vão conhecer, e isso muda muita coisa.

    Quanto ao fato de professores serem exemplos, é sim um grande problema. Pois a relação mestre e aluno é rígida, eu, no exemplo citado, teria que ouvir os artistas que não gosto e buscar formas de ligar à arte que quero mostrar aos alunos. Isso por si só é um grande aprendizado.
    Mas os professores querem que o aluno aprenda sem dar o exemplo? Sem aprender?

    Assim não pode, assim não dá....

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    1. Du... para o seu comentário, só posso sugerir que leia Adorno e a regressão dos sentidos...

      Se encaixa tão bem, que nem queijo e goiabada, leite e nescau, janis joplin e eu... enfim, vc vai ter uma boa surpresa (ou não, pra caetanar um pouquinho...)rsrs...

      Beijos e valeu o comentário!

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  2. Muito boa a reflexão. E forte também.
    Reparo que desde o momento da formação acadêmica uma mentalidade pré-conceituosa, desdenha dos conteúdos humanos e sociais que formam o nosso curso. Cada dia mais pessoas vão a pedagogia buscar métodos e aprender "didáticas", ou pior, buscar um diploma para apresentar e manter seu cargo. Infelizmente é um fato, não sei como isso irá mudar, pois sinto que faz parte do processo de tornar a educação acéfala,ter um profissional formado nas "coxas" que aceita como tabua de salvação as apostilas e métodos que automatizam o trabalho docente.
    Aí, o que sobra é isso, um teatro mal interpretado, atores mal pagos e infelizes e o público constrangido. Todos perdemos.

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  3. Excelente postagem. Curso o 4° período de Pedagogia e desde o início também percebo que quem procura por esse curso tem um perfil bem característico, ainda enraizado na concepção de que basta ser uma pessoa amorosa e carinhosa, gostar de criança, etc., para ser um pedagogo(a). Ou a pessoa está precisando do diploma para não perder o emprego. Enfim, vejo poucas pessoas que buscam na Pedagogia a oportunidade de contribuir de alguma forma para o desenvolvimento da sua cidade, seu estado, seu país. É complicado...

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